quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Excluídos Vão à Terra Firme pedir direitos
Com apenas 13 anos, Alessandro Oliveira já fala dos problemas sociais enfrentados no bairro em que mora. Integrante do projeto Atletas de Cristo, ele marcou presença, na manhã de ontem, na marcha do Grito dos Excluídos, na Terra Firme, em Belém. Entre as reivindicações do pequeno integrante, a segurança foi a principal. “Eu estou aqui, por causa da morte do Adriano, meu colega, morto injustamente”.
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O evento, com 15 anos de existência, teve como tema “Vida em primeiro lugar. A força da organização está na transformação popular”. A caminhada, que partiu da ponte do Tucunduba, foi iniciada com a fala de diversas entidades. “Nos estamos fazendo esse grito aqui na Terra Firme para mostrar que é possível mudar. Estamos aqui porque é aqui que está a real necessidade do povo”, explica Francisco Batista, organizador do ato. Nos anos anteriores, o evento acontecia no mesmo local onde ocorre a marcha de 7 de Setembro.
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Na caminhada, que percorreu seis quilômetros, em quatro ruas do bairro, cinco paradas em pontos estratégicos falaram de temas relacionados aos anseios da sociedade. A primeira parada, com a temática “ausência do Estado”, foi marcada pela dança dos índios Tembés, de Santa Maria do Pará, que cobraram das autoridades vários direitos. “A terra é considerada a nossa mãe natureza. Enquanto os latifundiários estão com a maior parte dela, tem gente passando necessidade, então nós queremos as nossas terras que são de nosso direito”, disse o indígena Almir Tembé.
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No segundo ato, que abordou a segurança pública, vítimas da violência falaram das suas revoltas. “Policiais torturaram o meu filho, porque ele estava de boné. Acharam que ele era bandido. Nós pedimos mais respeito para as famílias da Terra Firme, porque sofremos muita discriminação”, desabafou a mãe de um jovem de 12 anos. Edna Cordeiro, mãe de Adriano Cordeiro, morto em julho deste ano, também demonstrou sua indignação ao pedir melhores projetos para mudar a situação que a cidade vivencia. “Meu filho foi morto por engano na saída da escola. Isso não pode continuar acontecendo. É preciso que os governantes olhem por isso”.
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O encerramento do Grito dos Excluídos de 2009 ocorreu na Praça Matriz, em frente à Paróquia São Domingos de Gusmão. Leituras de poesias feitas por crianças levaram a esperança de um mundo mais justo.
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